domingo, 27 de janeiro de 2013

Supérfluo

Essencial é o mar, o barco é supérfluo...
O pão é essencial, a manteiga e o supérfluo...
Num instante, aquilo que até ali fora essencial, se torna supérfluo, irrelevante.
De que adianta admirar o barco, e não dar valor ao mar que o sustenta ?
De que adianta um pote da melhor manteiga, se não houver pão ?
De que vale, expor um sentimento para quem tem tantos ?
As vezes nos sentimos essenciais, o que mais falta para outra pessoa, o que completa esse alguém.
Infelizmente a realidade é bem outra...
Somos supérfluos.
Somos como o guarda chuva, que em dias de sol é inútil.
E quando a ficha cai ?
Bem, ai está o outro lado da moeda...
De vintém atirado ao chão, viramos fortuna em um banco da Suíça.
Descobrir o próprio valor, que não tem preço.
Sempre haverá alguém sedento pelo que somos...
Para alguém, somos essenciais.
Auto valorização, essa é a chave.
Amores vão, amores vem, cada qual com sua dose, seu tamanho...
Hoje um amor nos coloca no pico mal alto do mundo, e amanhã, no buraco mais fundo da terra.
Depende de quanto queremos ser pequenos diante dele...
Ou grandes.
Não estou aqui escrevendo, como que querendo dar indiretas ou coisa parecida.
Apenas descobri que nada é essencial...
E que tudo pode ser supérfluo.
Apenas o que é "incondicional" sobrevive.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Acho que uma das coisas que mais preocupa os idiotas, é o conhecimento da eternidade pois parecem que dedicam a existência na busca de viver mais, e não melhor...
Não é possível viver totalmente, tudo que existe. 
Isso não me desconserta, ao contrário, me faz valorizar cada minuto, cada rosto, cada palavra. 
Importante é viver. 
O "quanto", será apenas o resultado do "como"...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Saudade...
Sensibilidade
Ausencia
Utopia
Dor
Angustia
Demencia
Esperança
Tão simples entender...

                                 Me perdi para encontrar!
Um dia, saí para caminhar, não tinha lugar algum para ir e em lugar algum eu queria estar naquele momento, queria simplesmente ouvir o eco de meus passos e observar a vida jogada nas calçadas, era noite uma neblina deixava a rua úmida e um tanto sinistra, não era um lugar qualquer em que eu caminhava, eu desfilava pelo câncer da cidade onde a imundície material e humana era dominante, prostitutas nas esquinas se ofereciam em silêncio entorpecidas pela droga e o álcool, espectros que um dia já foram homens povoavam terrenos baldios iluminados apenas pelo isqueiro que acendia um cachimbo de crack, era arriscado estar ali, sabia que a qualquer momento eu poderia me tornar parte do lixo, ou ser sufocado por ele.
 Mas naquela noite em especial eu não ligava para isso, pelo menos depois de vela, numa daquelas esquinas, vestindo roupas sujas e minúsculas, mas não foi isso que eu vi, eu vi sua alma através de seus olhos, olhos que mesmo com pupilas dilatadas, mesmo cambaleantes e com um sorriso que mais parecia uma lágrima imploravam por ajuda, aqueles olhos não queriam estar ali, aquele rosto lindo aquele cabelo mal tratado destoavam àquela vulgaridade e perversão, ela não disse nada, mas aqueles olhos verdes que não sei se eram naturais ou não, mas deveriam ser, por que nenhum dinheiro seria gasto com outra coisa a não ser a droga, até porque o pagamento cobrado naquela rua era só o suficiente para uma pedra de crack; mas daquela noite em diante muita coisa poderia acontecer, aquela mulher que eu não sabia nem o nome, e fazia parte do lixo nunca mais sairia da minha cabeça, eu não conseguia vela como tal, e nem os que a cercavam , eram apenas vidas que dobraram a esquina errada e nunca mais conseguiram voltar, varias noites depois eu passei por aquela rua, mas para minha tristeza eu não a vi mais, e repeti minha caminhada por dias, meses a procurei, acabei fazendo amizade com os estranhos seres da noite que se faziam presentes ali a noite, soube que o nome daquela menina era Julia, soube que tinha dezenove anos, e que fora aluna de faculdade de medicina antes de dobrar aquela maldita esquina e se viciar em crack, não via seus pais há meses, e esteve ali apenas poucas noites, mas eu não a esqueci, ela era linda, ela era minha fantasia desde aquela noite.
Eu continuava indo até lá toda noite na esperança de encontrar meu anjo das trevas, bebia com os sem teto, e ficava até a madrugada, fui me familiarizando com aquele mundo e sem perceber, fui aprendendo o nome de todas minhas roupas já não eram tão limpas, perdi meu emprego, muitos quilos, não percebi, mas eu dobrei a esquina e me perdi, depois de apenas um ano eu era um sem teto usuário de drogas e álcool, roubava para manter meu vício, fazia sexo sem proteção naqueles terrenos, não possuía nem um sequer valor, eu que fui um visitante e agora era o próprio câncer; eu era um homem alto, e agora com metade do meu peso, não sei ao certo por quantos anos eu dormi ao relento, ou fui perseguido, surrado, quantas vezes amanheci com meu corpo molhado pela chuva, a mesma chuva que lavava meus cortes e matava minha sede; o dinheiro andava escasso e eu precisava de mais droga, eram quase meia noite e eu me aventurei além daquela rua, um cara meio bêbado saiu de um bar, pensei que seria a vítima perfeita, me aproximei enquanto ele urinava na rua, anunciei o assalto ele reagiu desajeitadamente, sem chance, estava muito bêbado, mas nem por isso eu deixei de esfaqueá-lo, peguei sua carteira com minha mão suja de sangue, era tamanha minha necessidade de fumar crack que só o que eu via era a carteira, o dinheiro, drogas, falta pouco, que não percebi que policiais tinham visto meu ataque e já estavam bem próximos de mim, quando me virei já era tarde, tentei atingir um deles com minha faca, mas perdi a força repentinamente, meu pescoço e meu pito queimavam e algo quente escorria pelo meu corpo, e em seguida uma sensação estranha e me senti desabar, não sei se era real, mas abri meus olhos, estava cercado por pessoas vestidas de branco, e algo descia pela minha garganta, um tubo de oxigênio eu acho, minhas veias perfuradas por algo que não injetava cocaína, o que me confortava naquele momento era inalar oxigênio e não fumar um cachimbo, não sentia dor, só queimava, foram dois tiros, No pescoço e no peito, eu estava muito fraco, perdi muito sangue, estava morrendo, mas não estava triste, pelo contrario, finalmente eu encontrei a paz, e mais que isso, encontrei aqueles olhos, e ali dentre a equipe médica eu vi Julia, usava roupa branca, e tinha um crachá em seu peito que dizia Dr. Julia fontes; estava linda, olhei em seus olhos, ela estava linda, ela encontrou o caminho de volta, mesmo que ela não me reconhecendo, afinal só me viu uma vez e estava torpe demais para lembrar-se de qualquer coisa; E eu ali, viciado, com AIDS e morrendo, mas feliz, Julia estava comigo, ela encontrou o caminho de volta!   No outro dia o tele jornal local divulgou “assaltante é baleado em um confronto com policiais; levado ao hospital local não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada de hoje, homem de aproximadamente 28 anos, que ainda não foi identificado, entrou em confronto com policiais após assaltar e esfaquear um homem na Avenida Tancredo neves ontem à noite, a vítima do bandido passou por cirurgia e passa bem; e a seguir as noticias do esporte...”.                                                                     

Márcio Cunha Costa 


O autor, um colega de profissão, que nas horas vagas, tambem adotou a escrita como mágica, para desviar os pensamentos da realidade, vez por outra, viaja no mundo da ficção, e coloca em letras, suas ancias e angustias da visão que temos desse mundo perturbado e conturbado....
Foi um prazer abrir este espaço ao amigo Marcio, um viajante, ora da realidade, ora dos sonhos...
                                                                                                                                                                                                              

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Lembranças...

...dizem tratar-se de um mundo virtual.
Uma virgula...
É muito real, é um caminho, um elo de ligação com o passado.
Tenho tido a oportunidade de passar muito tempo diante dessa janela para o mundo, navegando por redes sociais, fazendo compras, lendo jornais e livros, enfim, viajando mesmo, já que no caminhão, por enquanto, nem pensar.
Por essas andanças, mesmo estático, tenho ido muito, mas muito longe mesmo...
Os acasos são as coisas mais interessantes e maravilhosas que acontecem aqui.
Como em um circulo vicioso, se encontra uma pessoa, começa uma amizade, um post e pronto, outro encontro, e por aí vai.
Exemplo ???
No site de um amigo, encontrei a Kali Marg Moraes, que até esse reencontro era Margô...
Mais um acaso, no site dela a Marion Cravo...
A Kali e a Marion, junto com tantos outros que aos poucos vão retornando na memória, fizeram parte da minha infância, pré adolecência, e que hoje adultas, são pessoas agradabilíssimas de conversar.

Lembro das filas na hora da entrada, de casacos vermelhos, eramos a expressão do capeta, tamanha bagunça...
Pobres professores...hehe!!!

Não que antes fosse diferente, se bem que, a bem da verdade, acho que a infantilidade não nos permitia dialogos sérios, alem das carrancas quando as professoras nos mandavam calar a boca e as correrias na hora da saida da escola...
Cada uma, com sua estória, com sua experiencia de vida.
A Kali, pessoa muito legal, veio visitar-me, e trouxe de volta aquela alegria que se encontra em uma pessoa que a muito não se vê.
A Marion, dialogando virtualmente, por não morar mais em Rio Grande, desenhando o que foi esse tempo de distancia.
Assim a vida da gente vai se renovando, encontrando o passado em cada esquina, mas com uma nova visão, com uma nova perspectiva.
Agora todos temos netos, motivo de muito assunto, certeza de que o caminho foi cumprido...
Então, cade a virtualidade desse caminho chamado internet ???
Entre fios, cabos, telas, cameras, teclados e toda a tecnologia desse universo virtual, existem pessoas esperando o reencontro com a alegria, com o passado, com o futuro.
Ainda faltam a Magda Arrieche, o Guedes, o Joceli, a Dulce, a Dóris,o Zolemar, o Juarez, o Eugenio e mais tantos outros que meu HD cerebral, aos poucos vai buscando...
Quando muitos forem, quem sabe aconteça uma reunião, pois somos parte, mesmo que pequena da Escola FREDERICO ERNESTO BUCHHOLZ, celeiro de nossa amizade, que por quase quarenta anos, não passava de lembrança, mas aos poucos, retorna as nossas vidas...
Que venham os que se perderam, que estão por aí, distraídos na correria do dia a dia.
Rezo para que Deus nos de essa oportunidade, pois nada mais gratificante que aumentar o circulo de amizades com pessoas que em certo momento, foram partes da nossa vida.
Obrigado Sta. Net pela oportunidade.
Obrigado Marion e Kali....
Amigas até sempre...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

FIM DO MUNDO... SERÁ ?

No dia 27 de outubro, as 22 horas, sozinho em casa, achei que havia chegado o fim do mundo...
O fim do meu mundo.
Trinta minutos antes, estava diante de meu pc, lembro que senti necessidade de comprar algo, peguei a moto, sai normalmente, sem notar nada de diferente.
Quando parei em frente a um mercado, senti uma dormencia nos pés...
Aí começava meu calvário.
Retornei ao meu refúgio mais apavorado que cusco em tiroteio pois o que era apenas os pés já tomava conta das minhas pernas...
Mentalizem, entrei de moto casa a dentro, sem noção do que estava acontecendo.
A solução ???
O telefone.
Ah, o telefone, aquele que a essas alturas, estava fora do meu alcance, pois quem me amparava nesse momento, era o chão.
Solução ???
Usar o grito.
E assim foi.
Abençoado o vizinho que ouviu...
Quando fui socorrido, não reconhecia minha própria filha que surgiu apavorada avisada por uma vizinha.
Uma dor enorme no peito e a sensação de ser apenas meio...
Nada da cintura para baixo, nadinha mesmo...
Muito pavor, muito medo e uma tremenda confusão mental.
Depois disso, não lembro mais nada, apenas de estar no hospital, quando alguns flashes de memória me deram a noção de que as coisas estavam piores que eu imaginava.
Uma enfermeira muito bonita, se tornou feia quando enfiou uma sonda nasogástrica em mim, outra mais linda que a primeira, virou a imagem do capeta quando me aplicou uma injeção no peito.
Foi aí que me preparei para conhecer o Pedrão lá em cima, na portaria do destino final...
Mas não foi dessa vez.
Onze dias naquele depósito de humanos com platinados desregulados, radiadores furados e motores fundidos...
Soro, muitos litros, injeções no umbigo, na bunda e nos braços, comprimidos de todas as cores que pareciam aqueles confetes que adorava na minha infância...
Médicos ???
Xiii, perdi as contas, me sentia uma cobaia.
Para contribuir com a bagunça, cada um com uma nova opinião a respeito.
Segundo eles, eu havia sofrido um AVC acompanhado de uma TROMBOSE, alem de que, os sintomas se assemelhavam muito aos de EXCLEROSE MULTIPLA DEGENERATIVA, ou então que se tratava de uma PARAPLEGIA de causas desconhecidas.
Já me sentia uma enciclopédia de medicina...
Falar em uma gripezinha mal curada, ou uma infcção qualquer ninguem falava...
Onze dias de angústia, espetadas, remédios goela abaixo, e nada de um diagnóstico correto.
Fiz o caminho inverso das coisa pois para variar, nada comigo é normal...
Cheguei de carro e sai de ambulancia do hospital.
Seguem-se as consultas sem nunca saber oque acontecera.
A unica certeza que tinha é que não sentia nada da cintura para baixo.
Seguiam os diagnósticos vagos, e muita medicação que só destruia meu estomago.
Até aqui, foram varias radiografias, uma ressonancia magnética, uma encefalomiografia, alguns eletrocardiogramas e vários exames de sangue.
E segue a tortura, já estava fugindo até de agulha de costura.
Eis que surge a idéia, a grande idéia de recomeçar tudo do zero pois as dores eram insuportaveis, as pernas haviam me abandonado de vez, o intestino parou, a cabeça parecia querer explodir, a visão estava comprometida e a tremedeira da mão direita era incontrolavel.
Novo médico, desta vez, particular...
Alguns exames e, aleluia, um diagnóstico.
Nada mais que uma maldita hérnia de disco comprimindo minha medula óssea...
Cortou toda medicação anterior, que era composta de nove, isso mesmo, nove medicamentos diferentes...
Uma injeção de morfina me deixou mais faceiro que leitão no lixo, pois depois de sessenta dias, passei a primeira noite sem dor...
Apenas tres medicamentos, uma a base de morfina para acabar com as dores, um para acertar o intestino e mais outro apenas para os momentos de cefaléia...
A magica se fez, as dores diminuiram muito, o intestino entrou em acordo comigo e a cabeça voltou a ser apenas suporte das melenas.
Claro que ainda uso as muletas para me locomover, a perna esquerda voltou a ser minha, a direita está retornando, mas é muito diante do quadro anterior.
Agora é esperar o momento de ser invadido por um bisturi, e passar alguns meses esperando que tudo volte ao normal...
Durante esse calvário, descobri que o mais importante são os amigos, que me acompanharam sempre dando o maior apoio possivel, em todos os sentidos...
Minha filha, que não mediu esforços para amenizar as coisas...
Me banhava, me vestia, comida na boca, remédios na hora certa, enfim, um exemplo de filha (te amo Daniela)...
Minha mãe, que mora em Sergipe, veio, passou um tempo, voltou até lá, resolveu os problemas dela e retornou com meu pai e meu neto, estão aqui me auxiliando, me cuidando, me dando muito amor e carinho.
Não posso deixar de citar meus amigos Márcio e Roberto, incansáveis, me provando a cada minuto, o valor de uma grande amizade...
Durante esses dias de dúvida, o máximo que conseguia, era sentar aqui por cinco ou dez minutos e precisava retornar ao leito, pois pareciam haver facas cravadas em minhas costas...
Hoje, aguento ficar tempo suficiente para escrever um texto desse tamanho.
Depois disso tudo, oque mais quero, e voltar ao meu caminhão, a minha vida...
Eu sobrevivi ao fim do mundo.
Esse texto não tem o interesse de provocar a piedade em ninguem, pelo contrário...
Essa foi a forma que encontrei de esclarecer para meus amigos o porque de minha ausencia no trabalho, na roda de amigos, enfim, de tudo que deixei de fazer parte nesse periodo nebuloso.
Agora tenho a certeza, assim que for possivel, estarei de volta, incomodando meus amigos das firmas onde frequentava diariamente, com o pessoal do posto de gasolina, com os colegas de profissão, com a turma do porto e tantos outros lugares que fazem parte da minha existencia.
Mas tambem fica na lembrança, os esforços que os amigos fizeram, como o Roberto que vinha em minha casa e me tirava para a rua, me levava para passear de carro, para que eu sentisse o clima da vida que levava, do Márcio que até na praia me levou, me fez largar as muletas e me carregou para dentro d'agua, da minha mãe que me acompanha como uma sombra, me dando a chance da vida pela segunda vez...
Viu só???
Eu quase conheci o fim do mundo bem de perto, e consegui superar...
Nada está perdido quando estamos cercados de amor e carinho.
Me sinto muito mais homem, muito mais humano agora...
Agradeço a Deus a segunda chance, mas acima de tudo, agradeço a todos que estiveram na minha volta, aos que rezaram por mim, sempre me incentivando, me dando forças para acordar a cada dia, acreditando que tudo na vida é passageiro.
Apesar de tudo, estou feliz, preparado para qualquer batalha que a vida por no meu caminho...
Mil vezes obrigado a todos...
Um enorme beijo no coração de todos vocês...

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

UM GRITO...

...simples, apenas um grito.
Isto causaria mais estragos que um vendaval...
...mas, quem sou eu para gritar ??? 
Onde foi que encontrei essa serenidade que me cala???
...não é assim que funcionam as coisas.
Eu quero gritar sim, mas com a certeza que não vou ferir ninguem...


Segredos todos nós temos.
...inegável, somos assim por natureza.
Mante-los quietos em nossa mente faz parte.
...organizados, imaculados, tratados como cristal...
Nunca expostos, apenas peças de nosso deleite.
...e onde apenas nós possamos ver...

Tão simples assim...
...é um grito silencioso.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012




E ENTÃO A CHUVA.

...o grande arquiteto do universo resolveu molhar minha vidraça.
Nunca, jamais, vou contestar as decisões dele.
Não importa que isto me impeça de produzir, não importa que a roupa não seque, que tenhamos que nos enclausurar entre quatro paredes.
É em dias assim, que nos encontramos com nosso interior.
Uso uma fórmula que no meu caso funciona...
Lembro de dias de chuva maravilhosos.
Existe algo mais gostoso que passar uma tarde chuvosa com a pessoa amada ???
Apenas os lençóis como testemunha, o tempo parado, assustado com o barulho no telhado...
Não existem lágrimas na chuva, ela as escondem.
Não existem tristezas na chuva, ela lava a alma da gente.
Não existem dias ruins, existem momentos de reflexão...
Que se faça a vontade de Deus, pois aprendi aproveitar tudo que ele ofereçe.
Se não dormir, coloco minha vida em dia...
Se dormir, sonho com minha paixão...
Com certeza vou acordar com um sorriso no rosto, com a alma lavada e com esse maravilhoso aroma de terra molhada que a chuva me proporciona.
E então a chuva... sempre bem vinda !!!


XEQUE MATE.

...suave e perene como a brisa depois da tempestade, as coisas vão se acomodando.
Sinto muito pelas peças que vão caindo pelo caminho.
Quando aprendi jogar xadrez, descobri para que existem os peões.
Suicidas sem cerebro...
Descobri que estou muito alem disso.
Tenho raciocinio, tenho vontades...
No meu tabuleiro, existe uma, apenas uma rainha.
Peças que nunca sequer ameaçaram seu jogo pelo meu, não me interessam mais...
Não digo por conclusão, digo por certeza.
Acho que hoje, tambem não mudaria mais meu jogo por elas.
O que elas disseram-me, foi como o vento que apaga uma vela...
Minha rainha, essa sim, esteve comigo a beira do abismo.
Se não aconteceu, ainda não era o momento.
O jogo ainda não terminou...
Sinto-me mais forte agora, pois realmente estou curado.
Cada vez mais forte.
Cada vez amando mais quem realmente amo...
Desejando quem realmente desejo.
Tchau dúvidas, tchau prepotencia, tchau dona da moral e dos bons principios...
Minha vida, meu mundo, minha estória, me aguardam.
Curar o corpo é uma coisa, curar a mente é outra.
Quanto mais livre me sinto, mais preso a quem realmente merece, me vejo.
E ponto.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

... queria tanto uma máquina do tempo.
Não consertaria tragédias, não iria evitar o impossivel.
Apenas iria mudar pequenas coisas...
Hoje, certas musicas não trariam tanta saudade.
Não olharia fotos com tantas lágrimas no solhos.
Não pensaria teu nome...
Ao contrário.
Vocalizaria teu nome com a alegria de sempre.
Teria tua imagem diante de meus olhos, tua voz nos meus ouvidos.
Seria muito mais feliz...
Feliz eu sou.
Sei que tu existe.
Mas a falta que tu me faz tbm...
...queria tanto uma máquina do tempo...


EM TEMPO: Todos temos nossas máquinas do tempo,  as que nos levam ao passado, são as lembranças, e as que nos fazem seguir em  frente, são os sonhos...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A TEMPESTADE SE DESFEZ.





...talvez não exista mais momento
ou ainda tenha
vai saber...
Raras vezes, a felicidade me trouxe aqui.
Tornei-me um artista, um escultor de pensamentos, achando assim uma solução para acabar com os soluços...
Transformei imagens em pinturas, projetando nas minhas paisagens, apenas aquilo que me era conveniente.
Aprendi construir caminhos, e como um calceteiro doido, só coloquei as pedras que me agradavam, evitando assim, machucar meus pés.
Achava que, enfim, a serenidade havia se feito...
Bravatas e mais bravatas.
Bastou um impeto, um surto de coragem, e como um super herói aposentado, sem acreditar que ainda conseguiria voar, encarei o abismo com apenas duas opções: cair ou flutuar.
E flutuei...
Senti a sensação dos pássaros, planei entre as nuvens da alegria, respirei nas correntes térmicas da felicidade, assistindo os cumulus nimbus se dissiparem  no horizonte, transformando a tempestade em uma suave bruma.
Como ?
Com a união daquelas 46 letras que aparecem no começo deste texto.
São 19 vogais e 27 consoantes em 10 palavras...
Devo ter lido essa bendita frase umas 1878563742 vezes nas ultimas 24 hrs.
Assusta o poder das palavras.
Só não me assusta, esse calor no peito, essa confusão na mente e essa esperança em acreditar que nada está perdido, que a semente está lá, encubada em solo fértil, esperando o momento de germinar e transformar o sonho em uma arvore cheia de flores e frutos.
Estou feliz...
Apenas isso, estou feliz.

sábado, 6 de outubro de 2012

...então tá.
Depois de tanto tempo sem aparecer aqui, acreditem, eu não achava o comando que abre a janela para uma nova postagem.
Não é para menos, faz mais de um ano que não acho inspiração.
É como se aquela chama que me levava a escrever desenfreadamente, estivesse apagada.
Não sei o porque.
Talvez pelo marasmo que se encontra minha vida.
Falta um pouco de dor para cutucar a inspiração.
E quando falta dor, é sinal de um grande vazio...
Mas hoje, ao ler uma postagem da minha amiga Viviane, deu um estalo dentro da minha cabeça.
Acho que nunca havia parado para analisar, qual o real valor das mobílias empoeiradas que resistem ao tempo e encontram-se no porão da minha mente.
Verdade que algumas são tristes, estampas de fracassos involuntários, provas de erros cometidos...
Porém, outros são a definição de felicidade, janelas abertas para o paraiso, momentos inesquecíveis.
As tristes, a poeira vai escondendo cada vez mais, corroídas pelas traças do tempo, se tornam sucatas, refugos de guerra, até que a corrosão seja completa e o esquecimento seja o destino.
Andar por entre esses cacarecos, é como passear pelo corredor da sensatez, onde cada peça é uma mostra do que não repetir.
Mas, e aqueles móveis que se mantem lustrosos, intactos e novos, apesar do tempo?
Será que é essa a ocupação do sr. de bengala com balão de oxigênio que a Viviane comentou?
Então, aviso a todos que aqui na minha mente, ele não sofre de artrite, reumatismo, gota ou outra enfermidade qualquer, pois o serviço está em dia e tudo aquilo que tanto me fascinou, segue brilhoso e reluzente, conservado com aparência de mobilia de casal novo, ainda cheirando verniz.
Quanto a levar as tristezas na bagagem, acho que essa mochila já faz parte da minha indumentaria.
Sempre lembro delas, estão sempre comigo, e muitas vezes são o único freio que encontro para travar diante do abismo...
"Já provei o lado doce da vida"...


Aos poucos, retornando.

Obrigado "Fada Verde", a mágica se fez !!!